sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O autor fala de sua obra



Uma boa parte da história ferroviária do Estado finalmente estará disponível na íntegra para leitores curiosos e pesquisadores. O escritor José Leôncio Siqueira lançou o livro 'Trilhos: O Caminho dos Sonhos (Memorial da Estrada de Ferro de Bragança)', que destrincha a linha do tempo dos trens paraenses e que demorou mais de três anos para ser finalizado. A publicação chega às prateleiras das livrarias no ano em que a inauguração da Estrada de ferro de Bragança completa um século de realização. José Siqueira, nascido em Vigia no ano de 1946, mudou-se para Bragança em 1958, mas já conhecia a Zona Bragantina. Viajava sempre com a família de trem para Salinópolis e Maracanã nos anos de 58 a 64 e, segundo ele mesmo, sempre teve interesse na responsabilidade maior dos trens, os quais considera 'a verdadeira alavanca do desenvolvimento de todo o nordeste do Pará'. O reconhecimento veio com o título de Cidadão de Bragança, concedido ao escritor pelos serviços prestados. Como conta o próprio autor, o livro é dividido em partes. 'A primeira parte do livro é uma viagem de Bragança à Belém descrevendo um pouco da história de cada um dos municípios que estão no meio do caminho e que surgiram em decorrência da ferrovia, como Ananindeua e Marituba. A segunda parte discorre sobre a construção da estrada e a ação dos governos posteriores sobre ela. Para isso, tive de pesquisar muito e escrever baseado em textos da época, entre eles, o documento de prestação de contas do ex-governador Augusto Montenegro referente às próprias ferrovias', contou. Em 'Trilhos', o leitor encontrará dados históricos referentes a vários pontos que ainda fazem parte do dia-a-dia do paraense, além de imagens históricas. Um exemplo é a Estação de São Brás, que hoje virou o principal Terminal Rodoviário da cidade, e a Estação da 16 de Novembro, hoje integrada ao Quartel dos Bombeiros. 'Tudo é fruto de uma pesquisa árdua, mas o importante é que está tudo lá, para quem quiser ler e saciar a sede de saber como a cidade funcionava no meio do século XX', explica o autor. Ainda sobre o título concedido pela Prefeitura de Bragança, José ressalta que foi ele o descobridor de um erro nos registros históricos: a data de comemoração da inauguração da Estrada de Bragança estava errada por um mês. 'A retificação da data de inauguração da Estrada de ferro de Bragança era considerada até pouco tempo como 3 de maio de 1908. Isso foi corrigido neste ano, após a localização, no acervo público municipal de Bragança, da ata da sessão solene da inauguração da própria Estrada de Ferro de Bragança, registrada em 3 de abril de 1908. Depois de um século o erro foi corrigido em uma nova sessão solene, na data correta, festejando os 100 anos de existência da ferrovia', disse ele.